Nome: Hippolyte Léon Denizard Rivail
Nascimento: 3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, França.
Morte: 31de março de 1869, Paris, França.
Seus pais: Jean-Baptiste Antoine Rivail, magistrado, Juiz, e Jeanne Louise Duhamel.
Esposa: Amélie-Gabrielle Boudet.
Formação: Professor
Allan Kardec foi o pseudônimo adotado pelo Professor Rivail, para distinguir a Codificação Espírita das suas antecedentes tarefas na área pedagógica.
Realizou seus primeiros estudos em Lyon. Em 1814 seus pais o enviaram para estudar na Suíça, em Yverdon (ou Yverdun), no Instituto de Educação do célebre pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi.
Diplomou-se em 1818, deixando o instituto com excelente preparo intelectual e notável formação moral. Dominava os idiomas inglês, alemão e holandês, falando-os fluentemente, além da sua língua natal, o francês, o que, sem dúvida, viria a facilitar o trabalho de difusão do Espiritismo em suas futuras viagens.
Como pedagogo, escreveu inúmeras e importantes obras, especialmente sobre aritmética e gramática francesa, além de tratados sobre educação pública, tendo um deles, um memorial: “Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da época?”, que lhe valeu, em 1831, o prêmio da Academia Real das Ciências de Arras, além de lecionar.
O seu desprendimento levou-o a ministrar, durante seis anos, à rue Sèvres, aulas gratuitas de Química, Física, Anatomia, Astronomia e outras matérias. Educador emérito, de caráter intocável, exemplificava fraternidade e amor aos seus semelhantes. Foi homem de grande projeção na França como em outros países da Europa, sendo membro de várias sociedades sábias e tendo recebido muitos títulos e honras. Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos justamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome de Allan Kardec, como distinguido mestre da Pedagogia moderna.
Ainda jovem, em 1820, o professor Rivail teve contato com a obra de Franz Anton Mesmer, sobre magnetismo animal, também conhecido por mesmerismo, despertando-lhe o interesse. A iniciação de Rivail nesse novo ramo dos conhecimentos humanos deu-se aproximadamente em 1823, tendo adquirido sólidos conhecimentos de magnetismo, ciência que ele mais tarde, em diferentes ocasiões, demonstrou possuir em profundidade ao elaborar o corpo doutrinário de Espiritismo.
Casou-se com a professora Amélie-Gabrielle Boudet, em 6/2/1832, de quem recebeu o mais irrestrito apoio, companheira dedicada e valiosa colaboradora, tanto como Rivail como na sua missão de Codificador, Allan Kardec. Não tiveram filhos.
Foi em 1854 que o Sr. Rivail ouviu pela primeira vez falar nas mesas girantes, a princípio do Sr. Fortier, magnetizador, com qual mantinha relações, em razão dos seus estudos sobre o Magnetismo.
As mesas girantes ou “dança das mesas”, reunindo-se em torno de mesa de três pés, as pessoas faziam perguntas a que os Espíritos respondiam por meio de pancadas. Essa prática tornara-se moda na Europa, ao redor de 1850-52, e alcançara os salões de Paris.
O interesse de Hippolyte ampliou-se quando, no início de 1855, ele se encontra com o Sr. Carlotti, amigo de vinte e cinco anos, que discorreu acerca desses fenômenos com entusiasmo. Foi ele o primeiro a falar-lhe da comunicação dos Espíritos, e contou-lhe tantas coisas surpreendentes que, longe de lhe convencerem, aumentaram-lhe a suas dúvidas.
As primeiras experiências observadas por Rivail se deram na residência da Sra. Plainemaison, na Rua Ia Grange Batelière, nº. 18. Pela insistência de amigos, foi observá-los, pelo mês de maio de 1855, pela primeira vez, testemunhou o fenômeno das mesas girantes, que saltavam e corriam, e alguns ensaios de escrita mediúnica, isso em condições tais que a dúvida não era possível.
“Foi ai que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo, menos ainda por efeito de revelação que por observação. Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, o método da experimentação; nunca formulei teorias preconcebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as consequências; dos efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão”.
Em 30 de abril de 1856, em casa do Sr. Roustan, pela médium Mlle. Japhet, Allan Kardec recebeu a primeira revelação da missão que tinha a desempenhar.
Allan Kardec, no desenvolvimento de seus estudos, pesquisas, experiências, organização e divulgação da Doutrina dos Espíritos, sofreu incontáveis críticas, perseguições, e injúrias cruéis de seus “adversários” a sua pessoa e ao Espiritismo. Homem de caráter exemplar, não se deixou abater pelas calúnias a ele dirigidas. Consciente de sua tarefa, firme e resoluto, sabia dar lições de sabedoria e de amor aos acadêmicos, aos sacerdotes da Igreja Romana e dos templos de todas as confissões religiosas, respondendo-lhes a altura, em diferentes ocasiões, ante oposições, a ideias da Doutrina Espírita.
Trabalho, solidariedade, tolerância. Lema adotado por Kardec.
Nunca se permitiu repouso desnecessário durante as ásperas lutas que travou na defesa da sua honra, do seu lar e do ideal que abraçava. Em momento algum abdicou do bom senso ou da razão, investigando com seriedade e firmeza cada fato, toda e qualquer ocorrência.
Deduzindo consequências dos fenômenos, aplicando invariavelmente o espírito crítico e o raciocínio filosófico nos estudos e experiências (para isso tinha preparo suficiente), formou a sua convicção “sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade – segundo os ensinos dados por Espíritos superiores” constituindo a Doutrina dos Espíritos, que ele denominou de Espiritismo.
Mais de dez médiuns prestaram a sua assistência ao trabalho e foi da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que Allan Kardec formou a primeira edição de O Livro dos Espíritos, publicada na livraria Dentu, na Galeria D’ Orléans no Palais Royal, Paris, em 18 de abril de 1857, com 501 questões, impresso em duas colunas, uma com as perguntas e a outra com as respostas dos Espíritos. A obra alcançou êxito surpreendente na França e no resto da Europa, com repercussão pelas Américas. Sancionou-o a universalidade dos ensinos dos Espíritos. Com tal êxito a primeira edição foi logo esgotada.
O Livro dos Espíritos foi considerado revolucionário e de vanguarda por influentes intelectuais da época. A cidade Luz vivia o apogeu de capital cultural do mundo.
Para apresentar ao público a Doutrina Espírita, Allan Kardec escreveu cinco livros, que são chamados “o Pentateuco Espírita”:
► O Livro dos Espíritos, 18/04/1857, marco histórico no pensamento filosófico, anunciava o advento de uma nova era: a era do Espírito. Iniciando o temário sobre Deus e Universo, prolongou-se pelo exame do espírito e da matéria, pelos notáveis fenômenos da morte e da reencarnação, das comunicações espirituais, das interferências dos desencarnados com os habitantes do corpo físico, passando aos notáveis postulados das leis morais, culminando nas esperanças e consolações com um elenco de preciosos itens que iluminam a mente e consolam o coração.
► O Livro dos Médiuns, 1861, parte experimental da doutrina; ou Guia dos médiuns e dos evocadores. Ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicar com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem deparar na prática do Espiritismo.
► O Evangelho segundo o Espiritismo, 1864. Estudo das leis morais, explicação das máximas da moral do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida.
► O Céu e o Inferno, 1865, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Penas e gozos terrenos e futuros. Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre anjos e demônios, sobre as penas, etc.; seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte.
► A Gênese, 1868, os milagres e as predições segundo o Espiritismo.
Ainda escreveu, com a finalidade de divulgação mais rápida e acessível ao grande público, pequenos livros como:
• Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas. Exposição completa das condições necessárias para comunicar com os Espíritos, e os meios de desenvolver a faculdade mediadora com os médiuns.
• O que é o Espiritismo. Introdução ao conhecimento do mundo invisível ou dos Espíritos, encerrando os princípios fundamentais da Doutrina Espírita e respostas a algumas objeções desfavoráveis.
• O Espiritismo na sua expressão mais simples. Exposição sumária do ensino dos Espíritos e suas manifestações.
• Viagem Espírita em 1862, encerrando: 1) As observações quanto à posição do Espiritismo; 2) As instruções dadas nos diferentes Grupos; 3) As instruções sobre a formação de Grupos e Sociedades Espíritas, e um modelo de regulamento para o uso das mesmas.
Allan Kardec de 1857 a 1869 dedicou-se inteiramente ao Espiritismo. Fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (01/04/1858), criou a Revista Espírita (1858), estabeleceu um formidável sistema de correspondência com vários países, viajou, fez conferências, estimulou a criação de novos centros. Dedica-se também a um projeto de Organização do Espiritismo (inserido na Revista Espírita de dezembro de 1868), que foi publicado, após a sua morte, no livro Obras Póstumas publicado em 1890.
Em plena atividade, aos 65 anos incompletos, Kardec desencarna em 31 de março de 1869, às onze horas, pelo rompimento de um aneurisma, à rue Sainte-Anne nº. 25, onde vivera nos dez últimos anos. O Codificador do Espiritismo havia terminado a tarefa na Terra.
Quando o corpo tombou, vitimado pela desencarnação, Allan Kardec deixou a incomparável tarefa de que se fizera apóstolo, de tal forma consolidada, que nada lhe pôde acrescentar, corrigir ou adaptar ante as descobertas dos tempos e da cultura modernos. “O Espiritismo, na sua totalidade de Ciência que investiga, de Filosofia que responde com sabedoria as interrogações e de Religião que ilumina, conduzindo o Espírito consciente das suas responsabilidades a Deus”.
Fontes de pesquisa:
. FRANCO, Divaldo Pereira / Vianna de Carvalho (espírito). Espiritismo e Vida, 1ª edição, LEAL editora
. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo, Biografia de Allan Kardec, Henri Sausse, 55ª edição, FEB.
. KARDEC, Allan. Obras Póstumas, tradução de Salvador Gentil, 3ª edição, IDE.
. OLIVEIRA, Therezinha. Iniciação ao Espiritismo, 14ª edição, Editora Allan Kardec.
. WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil, 3ª edição, FEB.
. WANTUIL, Zêus e THIESEN Francisco. Allan Kardec o educador e codificador, volume I , 3ª edição, FEB.
. Ilustração, internet