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Chico Xavier

Francisco Cândido Xavier, o médium Chico Xavier

Nome: Francisco Cândido Xavier
Nascimento: 02 de abril de 1910, Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Brasil.
Morte: 30 de junho de 2002, Uberaba, Minas Gerais, Brasil, aos 92 anos.
Seus pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus.
Funcionário: Fazenda Modelo.

Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, residiu em sua cidade natal, Pedro Leopoldo (MG), até dezembro de 1958, onde iniciou o seu contato com o plano espiritual, servindo de intermediário entre o mundo dos chamados vivos e o dos Espíritos, quando se transferiu para a cidade de Uberaba (MG).
Teve quatro empregos, sendo que, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da Agricultura, como escrevente-datilógrafo, em Pedro Leopoldo e Uberaba.

O traço marcante de Chico Xavier era o seu amor pela humanidade, durante toda a sua existência deu-nos testemunho desse amor, além dos ensinamentos recebidos por seu intermédio. Trabalhando infatigavelmente, alargou o campo da solidariedade, desenvolvendo um trabalho anônimo e sacrificial, atendendo as pessoas simples, auxiliando-as com alimentos e palavras de bom ânimo, de conforto e esperança, consolando os desolados ante a perda de entes queridos, através do recebimento de mensagens psicografadas.

A influência de Chico Xavier, como pessoa e como médium, foi e continua sendo muito grande no relacionamento humano em nosso país, como resultado de sua bondade e humildade. Podemos observá-la nas instituições espíritas que desenvolvem atividades assistenciais, procurando atender aos marginalizados, doentes e sofredores sem recursos.

Nunca se exaltou e jamais se entregou ao desânimo, nem mesmo quando sob o metralhar de perversas acusações, permanecendo fiel ao dever, sem apresentar defesas pessoais ou justificativas para os seus atos. Pelo seu exemplo de vida, conduta e trabalho, Francisco Cândido Xavier é respeitado pelos espíritas e admirado por todos os seguimentos religiosos, políticos e sociais, no Brasil e internacionalmente.

Chico Xavier possuía diferentes tipos de mediunidade: psicofonia com transfiguração, efeitos físicos e materialização, xenoglossia ou mediunidade poliglota, desdobramento, cura, etc., mas a principal delas foi à psicografia. Chico foi um médium extraordinário, completo, via e ouvia os Espíritos como se fossem homens normais do plano físico. Nossa maior referência, tanto do ponto de vista moral quanto da técnica mediúnica.

O seu primeiro contato com o Espiritismo deu-se em 1927, quando uma de suas irmãs adoeceu, apresentando distúrbios psíquicos que não foram solucionados pela Medicina, por se tratar de obsessão. A família pediu o auxílio a um casal de espíritas vizinho, que se reunia com seus familiares em seu próprio lar, tratando a jovem com a orientação espírita, reintegrando-a a vida familiar, devidamente equilibrada.

Começa a participar ativamente do Centro Espírita Luiz Gonzaga, fundado por seu irmão José Xavier. No dia 8 de julho de 1927, Chico realiza a sua primeira atuação pública no serviço mediúnico, recebe as primeiras páginas psicografadas de autoria de um espírito amigo.

Sua vida mediúnica desenvolveu-se através de períodos distintos:

  • Dos 4 aos 17 anos, via e comunicava-se com sua mãe, a proteger-lhe, e estava sob influência de entidades felizes e infelizes;
  • Dos 17 aos 21 anos, conheceu o Espiritismo e psicografou mensagens de espíritos amigos e que foram inutilizadas, a pedido deles, por se tratarem de esboços e exercícios de adestramento e;
  • Em 1931, o jovem Chico, então com 21 anos, conversa pela primeira vez com seu mentor espiritual Emmanuel, e este assume o encargo de orientá-lo em suas atividades mediúnicas. Desde então o acompanhou sempre.

Sobre o seu encontro com o Espírito Emmanuel, Chico assim o descreve:

“Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que se, um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo”.

Psicografou 412 obras, pela sua importância qualitativa, dão valiosa contribuição ao entendimento do Espiritismo. Jamais admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras, bem como, todos os direitos autorais foram cedidos a entidades assistenciais e instituições espíritas, com a transferência dessa responsabilidade às editoras. Esse intenso trabalho deixou-nos um legado de diversos gêneros literários, como poemas, contos, romances, obras de caráter filosófico, científico e doutrinário cristã.

Em seus quase 75 anos de atividade mediúnica ininterrupta a serviço da seara do Cristo, Chico recebeu perto de 20.000 mensagens de Espíritos desencarnados aos familiares, e calcula-se também que ele foi intermediário de mais de 1.000 Autores Espirituais nessas 412 obras psicografadas.

Seu primeiro livro psicografado, lançado em julho de 1932, foi “Parnaso de Além Túmulo”, uma coletânea de poemas assinados por grandes poetas brasileiros e portugueses desencarnados, nada menos que cinquenta e seis, de estilos diferenciados, com vocabulário distinto, transmitem o testemunho de sua presença individualizada no Além – “a alma sobrevive ao corpo”: Castro Alves, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, entre outros, que alcançou grande sucesso. O título da obra, extraído de um dos sonetos, ao mesmo tempo em que lhe define a gênese espiritual, serve de preâmbulo para uma atividade de correspondência entre a Terra e o Céu.

A década de 1930 marca o surgimento dos romances na obra psicográfica de Chico, logo após o Parnaso de Além Túmulo. Em especial os romances ditados por Emmanuel, além da famosa obra atribuída ao espírito de Humberto de Campos, Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, 1938, em que a história do País recebe uma interpretação mítica e teológica. São eles: Crônicas de Além Túmulo (Humberto de Campos), 1937; Emmanuel, de 1938; A Caminho da Luz (Emmanuel) de 1938; e Há dois mil anos (Emmanuel) de 1939.

Os cinco romances de Emmanuel (mentor do médium):

  • Há Dois Mil Anos (abrange o período histórico de 31 a 79 D.C), foi escrito no curto espaço de 24/10/38 a 09/02/39, em intervalos das atividades profissionais do Chico.
  • Cinquenta Anos Depois (ano 131 – D.C),
  • Ave Cristo (abrange o período 217 a 258 D.C),
  • Paulo e Estevão (depois da morte de Jesus até aproximadamente anos 70 D.C) e
  • Renúncia (cobrindo a segunda metade do século XVII, iniciado em 1662 – reinado de Luiz XIV de França).

A primeira fase, segundo os estudiosos das obras de Chico havia sido a de chamamento. A partir de 1944, surgem os primeiros volumes da série André Luiz, livros que os estudiosos da sua obra classificam como de esclarecimento. A série completa psicografada por Chico possui 15 volumes, dos quais 13 tratando da vida no mundo espiritual, sendo o primeiro Nosso Lar, de 1944, até E a vida Continua…, de 1968.

Nosso Lar é uma das obras mais populares da literatura espírita, o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium, que no ano de 2010 se tornou um filme e já havia vendido mais de dois milhões de exemplares. Como novela, a Rede Globo adaptou o livro “Nosso Lar”, sob o título de “A grande viagem”, com amplo sucesso.

O Espírito André Luiz é tido como o mais ”científico”, “jornalístico” e “sociológico” dos espíritos que se comunicaram por Chico Xavier. As obras desse espírito estabelece uma divisão do trabalho espiritual com Emmanuel, cujas obras são referências para questões doutrinárias e as de André Luiz para as científicas, esclarecendo pontos polêmicos sobre a vida após a morte, sobre problemas experimentais da mediunidade e da obsessão e como fonte de aconselhamento para o convívio familiar.

O Evangelho é tema de vasta obra psicografada pelo Chico, especialmente de Emmanuel: Caminho, Verdade e Vida (1949), Pão Nosso (1950), Vinha de Luz (1952), Fonte Viva (1956), Livro da Esperança (1964), Palavras de Vida Eterna (1965), Bênção de Paz (1971), Segue-me (1973).

A fase de esclarecimento é a mais longa de todas em que seu trabalho foi dividido, com duração aproximada de 35 anos, de 1939 a 1974, quando aparece a obra Entre Duas Vidas de Espíritos Diversos.
A psicografia de Chico acompanha os temas que marcaram a revolução de costumes dos anos 60, como sexo, as drogas, os hippies, a tecnologia, as viagens espaciais e o homem artificial.

Em 1971, quando contava 61 anos de idade, Chico Xavier foi convidado a participar Programa “Pinga Fogo” da extinta Rede Tupi de Televisão, canal 4, em São Paulo. O sucesso foi tão estrondoso que, tendo participado do primeiro “Pinga Fogo” em 28 de julho, voltou para o segundo programa realizado às vésperas de Natal, em 21 de dezembro.

O programa Pinga-Fogo com Chico deu grande evidência não somente ao médium Chico Xavier, como também a Doutrina dos Espíritos, trazendo ao público a comunicação com espírito, visto que segundo Chico, ele respondeu todas as perguntas, sob a inspiração muito direta de Emmanuel, seu Guia Espiritual, numa clara e inequívoca demonstração da interação entre dois mundos (físico e espiritual). Foi um marco na história do Espiritismo, devido ao destaque e respeito dados à doutrina espírita, ao médium e a mediunidade, até então nunca vistos.

Todos os temas tratados no programa “Pinga Fogo” são de grande importância e bastante atuais. Temas como: a alimentação da carne, congelamento de corpos, movimento hippie, vida criada em tubo de ensaio, cremação de corpos, implicações das cirurgias plásticas, pena de morte, planejamento familiar, homossexualismo e transexualidade na reencarnação, até então não havia sido tratado com a clareza e objetividade como nos foi trazido por Chico nesse programa de TV.

A terceira fase da produção literária do médium Chico Xavier recebeu o nome de consolação, em referência às cartas familiares que, de maneira mais intensa, começaram a chegar por seu intermédio do Mais Além. Como o nome diz, reúne trabalhos que buscam amenizar o sofrimento dos que perderam entes queridos e deles recebem mensagens de conforto e ânimo. Pertencem a esse gênero: Jovens no Além (1975), Somos Seis (1976), Crianças no Além (1977), Amor sem Adeus (1978), Enxugando Lágrimas (1978), Claramente Vivos (1979), Vida em Vida (1980), Eles voltaram (1981) e Amor e Saudade (1985).

Em 1999, Chico publica o seu último livro em vida, intitulado Escada de Luz, de Espíritos Diversos.

Chico não teve a oportunidade de avançar nos estudos, não tendo passado do curso primário incompleto. Este é um dos aspectos que mais atestam a veracidade das comunicações mediúnicas que ele recebeu, através da psicografia, muitas delas transformadas em livros, com traduções para o castelhano, esperanto, francês, grego, inglês, japonês, tcheco etc., que nos transmitem informações das mais diversas áreas do conhecimento humano, várias delas desconhecidas do médium.

A partir do ano 2000, a saúde de Chico começa a se debilitar rapidamente. E, aos 92 anos de idade, no dia 30 de junho, desencarna.

Aqueles que desejam estudar a doutrina dos Espíritos encontram na literatura psicografada por Chico Xavier uma fonte inesgotável de informações e orientações baseadas na Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec e no Evangelho de Jesus.


Fontes de pesquisa e coletânea de dados:
. AGUIAR, Sebastião. Chico Xavier: um doce olhar para o além, Editora Globo, 2010.
. BACCELLI, Carlos A. 100 Anos de Chico Xavier, Fenômeno Humano e Mediúnico, Livraria Espírita Edições “Pedro e Paulo”, 2010.
. GOMES, Saulo. Organizador. Pinga Fogo com Chico Xavier, InterVidas, Catanduva, SP, 2009, 1ª edição.
. JACINTHO, Roque. Chico Xavier 40 anos no mundo da Mediunidade, Edições Livro Nobre Ltda., 2ª edição, 1968.
. NOBRE, Marlene Rossi Severino. Lições de Sabedoria, Chico Xavier nos 22 anos da Folha Espírita. FE Editora Jornalística Ltda, 1996.
. Presença Espírita, Revista. Março/abril 2010, Ano XXXVI, Nº 277, Mensagem do Bimestre, Joanna de Ângelis, O Retorno do Apóstolo Chico Xavier. LEAL Livraria Espírita Alvorada Editora.
. Presença Espírita, Revista. Março/abril 2010, Ano XXXVI, Nº 277, Enrique Eliseo Baldovino, Tributo tradutório a Francisco Cândido Xavier. LEAL Livraria Espírita Alvorada Editora.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Xavier
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Foto ilustrativa retirada da internet.